22 janeiro 2009

Nomes científicos: Complicado falar??? Nem tanto!!!





E aí pessoal?


Não é complicado quando você quer um peixe ou planta nova e vai pesquisar a respeito antes de comprar, mas quando digita o “nome popular” aparecem vários peixes/plantas diferentes? Ou então você está conversando com outro aquarista e ele fala que comprou um cardume de Hyphessobrycon megalopterus e você fica sem ter nem idéia do que seu amigo está falando? 


Justamente para evitar confusões entre espécies existe o chamado “nome científico” que é diferente para cada uma das espécies que conhecemos. Neste artigo você vai ler sobre: a origem do nome científico, as diferentes classificações, como se escrever corretamente e como pronunciá-lo.


A origem


Para se entender um assunto você tem que entender a sua história e é isso que vamos fazer agora.

Vamos voltar no tempo, mais precisamente para 1735 quando o naturalista sueco Carl von Linné (mais conhecido por Lineu) publicou o livro Systema Naturae, onde propôs um sistema de classificação biológica coerente, que serviu de base para os sistemas modernos.

Antes disso não havia critérios para a classificação dos organismos e foi ele quem deu a idéia de agrupá-los de acordo com certas semelhanças.

Os agrupamentos usados na classificação biológica são chamados de categorias taxonômicas. Destas, a mais básica é a espécie biológica, definida como um conjunto de seres semelhantes, capazes de se cruzar em condições naturais, produzindo descendência fértil. A partir da espécie derivam as outras categorias taxonômicas.

Por exemplo, o Apisto cacatuoides e o Apisto borelli são consideradas espécies diferentes, mas, por serem muito semelhantes, estão reunidas em uma categoria hierarquicamente superior, o Gênero, neste caso denominado Apistogramma, que agrupa diversas espécies de Apistos.

Gêneros que apresentam semelhanças quanto a características importantes são reunidos em uma categoria hierarquicamente superior, a Família. Por exemplo, os Ramirezi, embora não pertençam ao gênero Apistogramma, são semelhantes aos apistos o bastante para serem classificados na família Cichlidae. Famílias semelhantes são agrupadas em Ordens, que são agrupadas em Classes; reunidas em Filos e estes compõem os Reinos.


Nomenclatura binomial


Lineu tornou universal um sistema para denominar as espécies que ficou conhecido como nomenclatura binomial. Nesse sistema, o nome científico de um organismo é sempre composto por duas palavras, a primeira para designar o gênero e a segunda (em conjunto com a primeira), a espécie.

Bandado e Trifasciata, por exemplo, pertencem ao mesmo gênero Apistogramma; seus nomes científicos completos são, respectivamente, Apistogramma bitaeniata e Apistogramma trifasciata. Segundo a nomenclatura, os nomes dos organismos devem ser escritos em latim e destacados no texto onde aparecem, podendo tanto ser impresso em itálico, negrito ou sublinhado. Além disso, a primeira letra do nome do gênero deve ser sempre escrita em maiúscula e a do epíteto específico (que em conjunto com o gênero forma o nome da espécie), em letra minúscula.


Regras de Pronúncia


Em minha opinião, tão importante quanto escrever corretamente é saber pronunciar o nome da mesma forma. Não digo isso apenas por ser bióloga e lidar constantemente com estes nomes, mas por ser um costume que facilita a comunicação entre as pessoas e deve ser praticado em todos os momentos das nossas vidas.

No latim, temos algumas regrinhas básicas na hora da pronúncia e agora iremos vê-las:

- Y pronuncia como i:
Apistogramma gephyra = Apistogramma géfira
Pterophyllum scalare = Pterofíllum scalare
Vesicularia dubyana = Vesiculária dubiana
Cryptocoryne undulata = Criptocorine undulata

- CH pronuncia como K:
Eleocharis parvula = Eleokáris párvula
Blyxa echinosperma = Blíksa ekinosperma
Eichhornia azurea = Eikórnia azúrea
Trichopsis pumila = Trikópsis púmila
Tanichthys albonubes = Taniktis albonubes
Crossocheilus siamensis = Crossokéilus siamensis

- G pronuncia como G antes de a, o, u e como GU antes de e ou i:
Osphronemus goramy = Osfronemus gorami
Nannostomus marginatus = Nanóstomus marguinatus
Carnegiella strigata = Carneguiélla strigata
Potamogeton gayii = Potamogueton gáiii

- X pronuncia como CS ou KS:
Blyxa japonica = Blíksa japonica
Paracheirodon axelrodi = Parakeirodon akselrodi
Hyphessobrycon herbertaxelrodi = Ifessobricon herbertakselrodi
Pristella maxillaris = Pristella maksilaris
Hexanematichthys seemanni = Eksanematiktis seemánni

- OE e AE são pronunciados como E:
Aulonocara baenschi = Aulonocara benski
Aulonocara ethelwynae = Aulonocara etelvine
Corydoras pygmaeus = Coridoras pigmeus
Limnobium laevigatum = Limnóbium levigatum
Nymphaea stellata = Ninféa stellata

- PH pronuncia como F:
Trigonostigma heteromorpha = Trigonostigma eteromorfa
Hyphessobrycon megalopterus = Ifessobricon megalopterus
Pseudotropheus demasoni = Pseudotrofeus demasoni
Hygrophila polysperma = Igrófila polisperma
Myriophyllum aquaticum = Miriofíllum aquáticum
Nymphaea micrantha = Ninféa micranta

- Ti seguido de vogal pronuncia Ci:
Bolbitis heudelotii = Bolbitis heudeloci
Puntius titteya = Puncius titteia

- Ti precedido por S, X, T, continua sendo pronunciado como Ti:
Moenkhausia pittieri = Menkausia pitieri

- o sufixo OIDES pronuncia-se como OÍDES:
Nymphoides aquatica = Ninfoídes aquática
Ceratopteris thalictroides = Ceratopteris talictroídes
Azolla filiculoides = Azólla filiculoídes
Myriophyllum hippuroides = Miriofíllum ippuroídes
Hemianthus micranthemoides = Emiantus micrantemoídes

Acentuação:

No latim, apenas a penúltima e antepenúltima sílaba levam acentuação tônica, ou seja, palavras paroxítonas e proparoxítonas.

Como localizar a sílaba tônica em palavras de mais de duas sílabas

A sílaba que serve de base para localizar a tônica é sempre a penúltima, sendo assim:

- Se a vogal dessa sílaba for seguida de x ou z ou de duas consoantes a tônica será nesta mesma sílaba.
Dicrossus = Dicróssus
Pterophyllum = Pterofíllum
Azolla = Azólla
Myriophyllum = Miriofíllum

- Se na penúltima sílaba ouver ditongo a tônica estará também nesta sílaba.
Nymphaea = Ninféa
Dichaea = Dikéa

- Se a vogal da penúltima sílaba for seguida de outra vogal, o acento tônico estará na antepenúltima.
Vesicularia = Vesiculária
azurea = azúrea
gayii = gáiii
Limnobium = Limnóbium

- Nos compostos de color o acento estará na antepenúltima.
bícolor ; díscolor ; trícolor

- O i pode influenciar na acentuação quando estiver na penúltima sílaba, a palavra será uma proparoxítona.
Hygrophila = Higrófila
Rotala wallichii = Rotala wállikii
Apistogramma agassizi = Apistograma agássizi


Sei que no começo tudo isso pode parecer bem complicado e muita coisa para se aprender, mas com a prática se torna muito simples e em pouco tempo você estará pronunciando os nomes sem nem pensar nas regras!!

Boa sorte com a sua pronúncia!
Cinthia Emerich


Bibliografia consultada:

10 comentários:

Emili disse...

''Além disso, a primeira letra do nome do gênero deve ser sempre escrita em maiúscula e a da 'espécie', em letra minúscula.''

Olá,
só corrigindo... A espécie é a união do gênero e do EPÍTETO ESPECÍFICO.
Ex: Sphyrna (gênero) Mesozygaena (e.e). Nome científico de uma das variadas espécies de tubarão-martelo.
LOGO, o gênero deve ser escrito com inicial maiúscula e o EPÍTETO ESPECÍFICO com letra minúscula.


Corrigido e gostei muito das dicas sobre pronúncia!
Emili Bortolon dos Santos

Gino disse...

Parabéns pela iniciativa do blogg!
Então, como ficaria a pronúncia do gênero do ácaro Demodex?

Anônimo disse...

nome cientifico do acaro emodex é Demodex canis bjs ju

Sekai Scaping disse...

Olá Emili,

O termo "espécie" foi escrito no intuito de facilitar o entendimento, pode reparar que em todas as fichas de espécies, quando nos referimos à etimologia sempre usamos o termo epíteto específico.

De qualquer maneira editarei o artigo para explicar esta parte melhor, obrigada!

*** Aproveitando que estamos corrigindo:

Como explicado no artigo, o epíteto específico nunca deve ser escrito com a primeira letra maiúscula, logo... o correto é Sphyrna mesozygaena e não "Mesozygaena" :)


Olá Spyro,
Obrigada, esta palavra não se encaixa em nenhuma das regras que foram citadas por aqui neste artigo, só posso afirmar que, no latim, apenas a penúltima e antepenúltima sílaba levam acentuação tônica. Teria que tirar esta dúvida com um especialista familiarizado com estes animais.

Emili disse...

Hehehe, desculpe-me mas tive que rir da minha própria cara.

Eu fui lhe corrigir sobre o epíteto específico e acabei colocando, por engano, o mesmo com inicial maiúscula.

Xavier disse...

Por favor, sabe me dizer como pronunciar "tetani", de Clostridium tetani?
Obrigada

Xavier disse...

Pronuncia-se /tétani/ ou /tetâni/?
Obrigada

Carolina Damasceno disse...

Parabéns pelo post, estava precisando saber dessas pronúncias para um trabalho de Botânica!
Obrigada!

Anônimo disse...

Todos esses nomes científicos são de classificação de Lineu, quero saber por que preciso delas para pesquisa

Gino disse...

Então, como ficaria a pronúncia para "Ehrlichia"?
Erlíquia ou Erlíchia?
Considerando que o nome da bactéria se deve a homenagem prestada ao microbiologista Paul Ehrlich!
Parabéns pela iniciativa do blog, pois os vícios de pronúncias são imensos e muitos profissionais não se preocupam com a correta pronúncia ou reproduzem pronúncias viciadas.